terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

 Seguindo em linha reta

Nom hai curvas nem desvios

Sempre, sempre em frente

Eis-nos chegados

Ao limbo da mentira

Eles sabiam

Nós olhamos para o lado

Eles controlam todo

Nós ledos aplaudimos

Eles por fim nos entraram

E nós sem lubrificante aguentamos

As dores da violência

Da prepotência

Finalmente da ausência

De nós mesmos

Da vida

Da liberdade



                                04/2020

                                Ano da peste

 Acumula a dor

A puta dor

Que na sua passagem outros

Deixam para trás

Acumula um peso gigante

No peito

Tantos por aí passaram

Que já tem marcas

Dos passos doridos

De tanta dor

Deixada


                        06/2020

                        No seguimento destes dias de peste

Ladramos como os cans

Que passam sem reparar

Nalgum que salta

Fora

Mas nós ladramos

Envalentonados polo eco

Que produz o nosso ladrar

E ladramos

Alto, alto mais alto

E nom percebemos

O silêncio daqueles

Que já nom ladram

E entom saltam


                                A Suso