quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

04/2013

Baixinho
Rasteiro
Quase invisibel
Assim te quero
Povo
Ordeiro, calado
Obediente
Ou morto
Baixinho

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Pedras

Com as pedras do caminho
Com as pedras que me lanzas
Ergo um muro
Umha muralha
Para nom te ver
Para me protexer de ti
Com as pedras
Todas as pedras
Ergo um monte
Para derrubar
Sobre ti

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Abafada

Vida abafada
Dor aguda, gritante
Miséria capital
Miséria sempre
Escondida
Repelente
Vida hipócrita
De choros de morte
Nos cruzamentos
Da estrada
Abafada

terça-feira, 16 de julho de 2013

A vida

A vida
Ese ínfimo intre
Entre dous pontos
Capitalmente estragada
Roubada a tantos
Para tam poucos
A vida
Iso que nom se ve
Entre chegada e partida
Arrasta-se, arrasta-nos
Capitalmente
Até que
A vida
Se revele, se eleve
Sexa vivida, desfrutada
Ínfimo intre
Entre dous pontos
Cheio de vivencias
De sentimentos
Libertariamente
A vida

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Farto

Estou farto
De aturar os outros
De ouvir e calar
Explodir em solidão
Estou farto
De tanta propriedade
Intelectualmente podre
Em máns de mesquinhos senhores
Portavoces, abandeirados
Dos amos de máns lambidas
Estou farto
Do choro daqueles
Que se vergarom cegamente
E agora sentem o desprezo
Dos entronados pola sua codicia
Estou farto
De andar contra
E nom ver ninguém
Erguer a cabeza insumisa
Estou farto
De estar farto

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Uno

Alguém chega
Entra e dis
Logo outro
Assim nom
E todos igual
Arrebanhados
Marcham
Como se nada
Houbera para além
Do dis e assim nom
Nada além do rebanho
So o lobo
Solidtário
Assim nom

Às barricadas

Dia chuvoso
Caminho lamacento
Fechado em casa
Desánimo
Raiva
Corto a garganta
Flue a desesperação
Incontinente
Grito sae
Às barricadas!
Às barricadas!
Hoje não
Não escrevo
Estou sem apetite
Hoje não
Amanhã
Quiçá

Estranxeiro

Viver
Na corda bamba
Sem rede
Em terra de fronteira
De ninguém
O estranxeiro
Culpábel de o ser
Pola estupidez doutros
Viver
Respirando

Estranxeiro

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Alinho

É o pasado todo
O pasado
Que nos empurra
Até o limite
Do precipicio
Conformismo estúpido
Preguiza vital
De pensamento
Pasado que aperta
A corda do presente-futuro
No pescozo
Esgana até o fio
De ar
Que nos mantém
Na linha
Do precipicio
Eu nom
Alinho às barricadas
Intelecto ao alto
Contra o pasado-presente
Era a rua
Caminho escuro
Desmotivador
Castigo e condena
Era
Que sigue sendo
Tortura
Afronta
Ao individuo
Ser pensante
Sem mais nos
Que a sua liberdade
Sem linhas
Sem cordas

segunda-feira, 18 de março de 2013

Pola tardinha

Asi pola tardinha
No inicio do lusco-fusco
De gris carregado
Sem verbas
Em silencio
Cortante
Venhem em grupos
Violentos
Sem reparos
Aló pola tardinha
Vampiros
Asasinos

sábado, 16 de março de 2013

Miseria

Miseria
Rua espida
Conspurcada e suxa
Puta rua
Aqui minha vida
Espalhada
Maltratada, ferida
Pedazos
No cham
Cuspido
Ensanguentado
Miseria

quinta-feira, 14 de março de 2013

Chove

Chove hoje
Dentro
E a enchente
Não deixa lugar
Para outras fugas
Se expandirem
Chove dentro
E fica tudo mais
Calado
E seco por fora
Com sulcos
Feitos
De agua e vento
Sinais
De ter feito
O caminho
Por montes e vales
Chove dentro
Fora está
Seco e calado

Puta da bida

Observo-te
Por entre frinchas
Há anos
Vasculho-te
Apaixonadamente
Por vezes não
Sigo-te
Desperto
Peito apertado
Coração aos pulos
Relaxa
Mais uma etapa
Observo-te
Nas sombras
De perto
Sinto teu sabor
Amargo
Ferroso
Detritico
Puta da bida

quarta-feira, 13 de março de 2013

Silencios

Silencios
Sons mudos e xordos
Tecem as linhas
Das vidas
E das nom vidas
Esquecimento colectivo
Masacre, chacina
Sem lamentos
Todo silenciado
Nom há murmurios
Há paus
Das bestas
Silencio
É o Estado das cousas
Silencios
Da vida que arrepia
A espera da hora
Da marcha
Reta final
Em Silencios

terça-feira, 12 de março de 2013

Ali
Eiqui
Sentado na pedra
Nesta
Mesma pedra
Que arrastra
De longo
Tempo
Para lembrar
Que é único
E só
E repete
Estupidamente
A pedra

Aplastadas

Caem violentamente
Aplastadas
Pelo esquecimento
As melhores
Uvas
As mais vivas
As mais cheias
Aplastadas
Por tamanha lousa
Atirada
Com proposito
Fingidos pedreiros
Conversos coveiros
Das uvas
Das melhores uvas

Gosto

Gosto delas
Curtas
Grosas
Asperas
A dois
Em grupo
Gosto delas
Sempre
Das conversas

Correm

Correm rápidos
Os rios
Mas poucos
Vão dar ao mar
Secam em terra
Sedenta
Depois das violações
Uma, duas
Tantas vezes
Que a justiça
Tinha de chegar
E finalmente
Decepados os violadores
Os rios vermelhos
Correm
Virá um qualquer dia
Pola calada
Sem mediar verba
Pasará por um de nós
E seguirá caminho
Mas carregará mais peso
E de nós
Nem o peso haverá

Perenne

Aqui perenne
Inutilidade
Escarrada no cham
Por mero acaso
De corpos incontrolados
Sobra que nunca
Encaixa
Nem de forma
Menos de fondo
Vespera do onte
Novidade do nunca
Esquecimento sempre

segunda-feira, 11 de março de 2013

Quero laçar

Quero laçar
A Lua
Puxa-la para minha beira
Fazer dela um candeeiro
Alumiar assim o caminho
Deixar para trás os pançudos
Sanguessugas de necesidades
Basicamente ladrões
De futuro murcho e escuro
Quero laçar agora
A Lua
Puxa-la e alumiar
A revolta contra a escuridão
Do ser desumano
Mesquinho contador
De moedas, de cabeças
Asqueroso assassino
Dos brotes mais verdes
De todo o jardim
contra ti mando
A Lua
Que a sua luz te cegará
E nos veremos
O caminho

Falo de amor
Daquel que tu
Afagas, acaricias
Que com a boca
Quente e humida
Fazes renascer
Falo de amor
Ao que tu te entregas
Sem barreiras
Nem tabús
Que não magoa
Em posse alguma
Falo  de amor
Sem medidas
Em todo momento
Com meiguice
Mas constante
Falo de amor