quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Canta-me baixinho
Ao ouvido
No decorrer da noite
Por qué
Chegamos aqui
Canta-me bixinho
Por qué estám os brazos
Em alto
E os olhos cerrados
Dis-me ao ouvido
Para os outros
Nom saberem
Canta-me baixinho
Ao ouvido

Ilhas

Ilhas
Espetos no meio
Do tudo
Pensando que som
Grupos humanos
Conscientes
Ao leme das suas
Pequenas inmensas
Vidas absurdas
Ilhas-icebergs
Em permanente
Colisom
Ilhas estupidas
Ilhas

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Apetece

Apetece
Lenta e calmamente
Cortar com todo detalhe
Os pulsos
E deixar o sangue quente
Xorrar sobre as suas
Cabezas cheias de veleno
Apetece
Sair lenemente de cena
Deixar para tras
O abandono, a marxinazóm
Sem ninguém se decatar
Pasar a lámina e deixarse
Ir

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Mas eu escrevo

Escrevo verbas
Que ninguém lé
Num papel que arde e se consome
Para umha audiencia
De ileterados que nom sabe
Das grandes obras
Dos intelectos superiores
Dos escrivas aprendidos
Nas suas redomas formatadas
Que som os únicos que podem
Interpretar sentimentos e volupias
A nos por falta de pedigree
Negado
Mas eu escrevo
Cheguei tarde
Umha vez e outra
Sempre
Atrasado
Cheguei
Fiquei para o fim
Pairando
No fim
Pasarom por mim
Tantas e nom me virom
E eu ali
Sempre no fim
Sempre tarde

sexta-feira, 5 de junho de 2015

O sono

Dormir por fim
Um sono profundo
Baleiro
Dormir por fim
Deixar de sonhar
Um mundo irreal
Futuros promiscuos
De liberdade
Por fim o sono
Para nom sonhar
Xentes com mentes
Presentes
Finalmente
O sono

Ninguém sabe

Ninguém sabe
O que é ser
Nom sendo
Nem ter dor
Só um baleiro
Ser um buraco no lugar
Dum ser humano
O estranxeiro
O gordo, o magro
O cabeludo ou o careca
Ser sempre algo
Sem ser
Tu
Ninguém sabe
Até ser
Saborear sem por na boca
Cheirar sem naris
Apalpar sem mans
Lamer sem lingua
Escaparate
Todo parece
Nada é

Transacciono

Transacciono liberdade
Em forma de flor
De disenho
Mural
Vendo, compro, troco
Liberdade
Variopinta e multiforma
Bustos impresos
Lapis, cadernos
Figuras iconoclastas
Transacciono liberdade
Em locais feitos altares
De nova relixióm
Subxugada liberdade

segunda-feira, 20 de abril de 2015

As portas abertas
Xanelas fechadas
E no interior
O ar abafante
Austero de oxixeno
Entrar
Todos e mais um
Cómodos aposentos
Todos de pé
Contra as xanelas
Trancar as portas
E largar
Os leitos estam feitos
Para vos deitar

Nom escrebo

Nom escrebo
Apenas risco
Papel em branco
Num sem senso
De verbas soltas
Que ninguém imaxinou
Ninguém entende
Som verbas como fumo
Deitadas ao vento
E levadas
Atá o lonxe
Onde nom incomodam
Ninguém
Por iso
Apenas risco

sábado, 21 de março de 2015

21.03.2015

A ti mal amada
Amante
Sempre disposta para
Defender os oprimidos
Os torturados, silenciados
A ti amante
Incomprendida
Arrastada tantas vegadas
Nos lameiros
Nós humanos só temos
Um dia
Para ti
Amante das horas baixas
Liberadora
Poesia

terça-feira, 17 de março de 2015

No sol
Onde mais queima
Preso das lapas
No sol

Os gritos ardem
A soidade
Queima
Que facer
Com umha vida
Ao abandono
E com mil?
E com um milhóm?
Que facer
Com o conhecimento adquirido?
Que facer
Com o baleiro de xente
Que nos rodea?
Que facer
Com as palavras?
Escritas ou faladas
Ouvidas, abafadas
Trocadas
Deturpadas
Palavras
Que facer?

terça-feira, 10 de março de 2015

A dor colhiame o corpo
E eu empurrabaa
Voltaba como umha vaga da maré
Eu ali parado, quedo
Empurrabaa
Com a minha indiferenza
Baixaba a presóm
De supeto nova vaga
Esperto, irrequieto
Recurro a farmácia
Baleira, sem resposta
E volta
Eu ergome farto
Levanto a mam
E sacudo a dor

Será

Será certo
Que este mundo
De persoas rexas
Se deixa levar
Por um papam
Boquiaverto
Malfalante
Balorento
Que nunca foi
Mas esteve sempre
Será isto um mundo
E aparte?