sábado, 16 de março de 2013

Miseria

Miseria
Rua espida
Conspurcada e suxa
Puta rua
Aqui minha vida
Espalhada
Maltratada, ferida
Pedazos
No cham
Cuspido
Ensanguentado
Miseria

quinta-feira, 14 de março de 2013

Chove

Chove hoje
Dentro
E a enchente
Não deixa lugar
Para outras fugas
Se expandirem
Chove dentro
E fica tudo mais
Calado
E seco por fora
Com sulcos
Feitos
De agua e vento
Sinais
De ter feito
O caminho
Por montes e vales
Chove dentro
Fora está
Seco e calado

Puta da bida

Observo-te
Por entre frinchas
Há anos
Vasculho-te
Apaixonadamente
Por vezes não
Sigo-te
Desperto
Peito apertado
Coração aos pulos
Relaxa
Mais uma etapa
Observo-te
Nas sombras
De perto
Sinto teu sabor
Amargo
Ferroso
Detritico
Puta da bida

quarta-feira, 13 de março de 2013

Silencios

Silencios
Sons mudos e xordos
Tecem as linhas
Das vidas
E das nom vidas
Esquecimento colectivo
Masacre, chacina
Sem lamentos
Todo silenciado
Nom há murmurios
Há paus
Das bestas
Silencio
É o Estado das cousas
Silencios
Da vida que arrepia
A espera da hora
Da marcha
Reta final
Em Silencios

terça-feira, 12 de março de 2013

Ali
Eiqui
Sentado na pedra
Nesta
Mesma pedra
Que arrastra
De longo
Tempo
Para lembrar
Que é único
E só
E repete
Estupidamente
A pedra

Aplastadas

Caem violentamente
Aplastadas
Pelo esquecimento
As melhores
Uvas
As mais vivas
As mais cheias
Aplastadas
Por tamanha lousa
Atirada
Com proposito
Fingidos pedreiros
Conversos coveiros
Das uvas
Das melhores uvas

Gosto

Gosto delas
Curtas
Grosas
Asperas
A dois
Em grupo
Gosto delas
Sempre
Das conversas

Correm

Correm rápidos
Os rios
Mas poucos
Vão dar ao mar
Secam em terra
Sedenta
Depois das violações
Uma, duas
Tantas vezes
Que a justiça
Tinha de chegar
E finalmente
Decepados os violadores
Os rios vermelhos
Correm
Virá um qualquer dia
Pola calada
Sem mediar verba
Pasará por um de nós
E seguirá caminho
Mas carregará mais peso
E de nós
Nem o peso haverá

Perenne

Aqui perenne
Inutilidade
Escarrada no cham
Por mero acaso
De corpos incontrolados
Sobra que nunca
Encaixa
Nem de forma
Menos de fondo
Vespera do onte
Novidade do nunca
Esquecimento sempre

segunda-feira, 11 de março de 2013

Quero laçar

Quero laçar
A Lua
Puxa-la para minha beira
Fazer dela um candeeiro
Alumiar assim o caminho
Deixar para trás os pançudos
Sanguessugas de necesidades
Basicamente ladrões
De futuro murcho e escuro
Quero laçar agora
A Lua
Puxa-la e alumiar
A revolta contra a escuridão
Do ser desumano
Mesquinho contador
De moedas, de cabeças
Asqueroso assassino
Dos brotes mais verdes
De todo o jardim
contra ti mando
A Lua
Que a sua luz te cegará
E nos veremos
O caminho

Falo de amor
Daquel que tu
Afagas, acaricias
Que com a boca
Quente e humida
Fazes renascer
Falo de amor
Ao que tu te entregas
Sem barreiras
Nem tabús
Que não magoa
Em posse alguma
Falo  de amor
Sem medidas
Em todo momento
Com meiguice
Mas constante
Falo de amor