segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Olhar

Paso vagaroso
O olhar nos olhos
De quem pola rua
Caminha
Aparentemente sem rumo
Sem procedencia
Paso e nom atopo
Razóm, nem motivo
Para andar
Paso a paso ou a correr
Com esta carga sempre
Mais pesada
As pernas dobranse
E o alento cuase
Um fio de ar
Paso vagaroso
A olhar nos olhos
A vida
Lento e vagarosamente
Desangro-me
Por entre xentes
Milheiros
Deixo um regueiro vermelho
Ardente, fumegante
De cheiro ferroso
Intenso
Ninguém vé nem cheira
O meu eu em chamas
Indo

Sem mais

Mineiro

Sou um mineiro
Abrindo as entranhas da terra
De pico sempre a posto
Vou sulcando o caminho
Procurando o filóm
Que me leve até
Mais além do tunel
Do marasmo

Fulgor

Fulgor
De vida
Tam perenne
E tam esquiva
Fulgor
Que chega
E xa é pasado

segunda-feira, 21 de março de 2016

Nom fas frio

Já nom fas frio como antes
E o calor é humido
Peganhento
Cuspo ao ar
E já nada cai
O ar enrarecido cola
Ficando suspenso
Até o bafo etilico
Já nom fas frio
E o ambiente é umha merda
Som eses seres doutos
Que dicem, predicam
Manipulam mentes
Aconselham
Cagam sentenzas
E nom sabem dos incomodos
De dormir ao raso
Frio e temporal
Cham duro, noxento
De centos, milheiros
Calcorreantes caminhantes
Sem caminho, nem horizonte
Sem presente, sem futuro
Som eses doutos, seres?
Que predicem o futuro
E nem conhecem o presente
Arrepiantes figuras de cera
Som eles o mal que nom arde
Que nom derrete

terça-feira, 8 de março de 2016

Vai a vida

Vai a vida
De coisas, animais
Cecais pensamentos
Sagrados
E de tanto sacralizar
Esquecem a ideia mesma
Da vida vivida
Vai a vida
E eles pasam
De supeto
Em procisóm
Tamém o Charlie
E a vida vai

Facha

Fachendoso vai
O facha
Bruto, ignorante
Consecuentemente xenófobo
Racista vociferante
Pendurado da fortuna
Ignóbel
Asqueroso
Fachendoso facha
Ficaste sem te decatar
Ali no meio
Do rem

Profundamente só
Ao teu redor
Baleiro
No teu interior
Um oco
Sem saber como
Ficaste só
Xunto folhas
De papel
Pintadas, riscadas
Garabateadas
Xunto
Quero muitas
Ainda mais
Folhas aos montes
Vou coselas
Facer um libro
Sou escritor

Eu também

Eu também quero
Editar o meu libro
De pensamentos tais
Quero como os políticos
Escrever, apontar o dedo
Dar soluzons
Quero editar o tal libro
Como os artistas sem público
Intelectualmente superiuor
Engrazado até na tristura
Ou entóm um libro
A futebolista
Feito com o suor xornalista
Sem trabalho, só umha sinatura
Eu também