segunda-feira, 15 de julho de 2024

Nunca Regressei

Antes de mais.
Perdom. Meu amigo.
Mil vezes perdom e mesmo assim nom som suficientes.
Porque chego tarde, muito tarde, demasiado tarde, anos tarde.
Em realidade nom chego.
Percebi agora a olhar para a vida, para os nossos tempos, para as nossas ilusons os nossos sonhos, que eu nunca regressei que os que tivemos de fugir nunca regressamos.
A nossa despedida foi naquela estaçom de comboio quando eu saí do nosso Vigo e que mesmo tendo voltado algumha vez anos mais tarde, nunca regressei.
Quando voltei esses anos depois a cidade era outra as gentes mesmo sendo aquelas que conheci outrora nom eram as mesmas (tu mesmo sendo amigo eras outro) e mesmo eu depois de passar anos abafado pola minha situaçom estava diferente e desencontrado daquela vida da maneira de estar.
Agora percebo o meu malestar a minha agonia. Estou só no meio de todos os que me rodeiam pois nunca fui totalmente aceite. Sempre há alguém que olhe o outro, o estrangeiro e logo o insulto.
E tudo isto cansa, meu amigo, e nom tenho com quem desabafar só me restam os mortos, Um amigo tal vez meu pai ou a minha irmá.
As tantas também foi isso que te aconteceu nom ter ninguém para umhas parrafadas, para umhas risas uns abraços e por isso tomas-te a derradeira decissom.
Agora vejo e percebo como nos perdemos e entendo a culpabilidade dumha sociedade que nunca, nem agora, vé para ela e se erige em dona do seu mundo e do seu futuro. Prefere ficar na sombra de um estado, qualquer estado, que é sempre umha organizaçom criminosa em lugar de ajudar os seus indivíduos. Em vez de solidariedade usa-se a ordem do chefe a repressom e a tortura. Enfim deixamos de ser persoas para ser elos dumha corrente bem mandada e dirigida.
É triste ver que tudo é nada e por isso as vezes alguns temos de fugir e nunca regressar ficando aí pendurados em terra de ninguém como se nada fossemos.
Ai meu amigo tanta vida perdida, tantas vidas perdidas para satisfaçom de alguns.
Voltarei aqui falar contigo?
Nom sei já veremos