terça-feira, 12 de março de 2013

Ali
Eiqui
Sentado na pedra
Nesta
Mesma pedra
Que arrastra
De longo
Tempo
Para lembrar
Que é único
E só
E repete
Estupidamente
A pedra

Aplastadas

Caem violentamente
Aplastadas
Pelo esquecimento
As melhores
Uvas
As mais vivas
As mais cheias
Aplastadas
Por tamanha lousa
Atirada
Com proposito
Fingidos pedreiros
Conversos coveiros
Das uvas
Das melhores uvas

Gosto

Gosto delas
Curtas
Grosas
Asperas
A dois
Em grupo
Gosto delas
Sempre
Das conversas

Correm

Correm rápidos
Os rios
Mas poucos
Vão dar ao mar
Secam em terra
Sedenta
Depois das violações
Uma, duas
Tantas vezes
Que a justiça
Tinha de chegar
E finalmente
Decepados os violadores
Os rios vermelhos
Correm
Virá um qualquer dia
Pola calada
Sem mediar verba
Pasará por um de nós
E seguirá caminho
Mas carregará mais peso
E de nós
Nem o peso haverá

Perenne

Aqui perenne
Inutilidade
Escarrada no cham
Por mero acaso
De corpos incontrolados
Sobra que nunca
Encaixa
Nem de forma
Menos de fondo
Vespera do onte
Novidade do nunca
Esquecimento sempre