Afogo-me
Lenta-mente
Na esperança do manhá
Que é hoje
E nom foi
Len-ta-mente
Afundo na marginalidade
Solitária
Onde fui guiado
Por palavras manipuladas
Das bocas enganosas
Afogo-me
E que mais dá
O dia, o mês, o ano
Chuva ou sol
Len-ta-mente
13/09/23
Afastei-me
Deixando-me empurrar
Para as margens, para trás
Afastei-me
Empurrado pola força
Irracional
Da sociedade vertical
Por cima
Dos cadaveres vivos
Afastados no empurrom
Abafados sob o peso
Da estrutura social
Perfeita
Afastei-me
Deixar já de empurrar
25/05/23
Deixamos de nos ver, de falar
Deixamos de andar de olhos abertos
De perceber para além de nós
Até ao dia em que a pedra
Lançada ao ar
Bate na nossa cabeça
E nom temos a quem culpar
Ou quem nos sopre para aliviar
A pressom que nos aperta e estrangula
Até esse dia seremos
Imbecis
22/04/23
